Ando pensando em como a maternidade é um troço doido. Minha questão é com o quanto ficamos expostas a partir do momento em que publicizamos que estamos gerando uma vida dentro de nós.
Há um consenso técnico, médico, que diz que vc tem que engordar tantos quilos por mÊs, que tem que comer isto ou aquilo, fazer não sei quantos exames e, aparentemente, tudo muito bom mas sempre tem a sombra da desne-cesárea que chegou até mim... mas quem imaginaria que esta magricela chegaria à materndade com 7 de dilatação? Foi a benção porque, caso contrário, não teriam esperado nada e teriam passado a faca em mim?
Tantas mulheres passam por isto.. não dão tempo do corpo agir... mas, é verdade também, que a mulher precisa estar em sintonia com o corpo e o momento pra encarar o parto normal. Eu não troco por nada neste mundo e Deus sabe o que faz! Se dependesse do momento do nascimento de Dorah, eu teria tido uns 10 filhos porque nenhum dos fantasmas que me pintaram, apareceu pra mim.
Bom, falando em fantasmas que rondam tem o fantasma que atormenta a amamentação: "pouco leite", "leite fraco", "criança com fome". Raro é o cristão pra lavar a louça na minha casa, limpar banheiro e poupar minhas energias pra que eu pudesse dormir e produzir o tanto de leite necessário. Não faltou alimento pra Dorah porque Deus é maravilhoso e eu tenho a cabeça boa.
O pouco peso que ela ganha mensalmente traz a sombra do complemento alimentar. Estamos chegando aos 5 meses de vida da Pretinha e cabe nos dedos de uma mão quantas vezes lancei mão deste tal complemento.
Sempre tem quem queira que ela tome água, chá, papinha, experimente o docinho, o refrigerante o a PQP totalmente inadequado pra idade dela.
Se fosse pra ser assim, comendo e experimentando comida industrializada, a Organização Mundial da Saúde não recomendaria DOIS ANOS de aleitamento para crianças. Além de mais barato é insubstituivelmente mais saudável. Ela recebe meus anticorpos além da segurança, do calor, do conforto, do afeto que o peito transmite. É pouco? Só se for pros trolhas invejosos que, não tendo nada disto, buscam nas prateleiras dos supermercados e nas vitrines dos shoppings.
Daí tem outro fantasma - este, ninguém ousa comentar... o lance do parto natural estragar o brinquedinho do papai...
Pra começo de conversa, minha boceta não é brinquedo de ninguém. É minha e dou pra quem eu quero e eu sempre levei isto muito a sério. O culto à boceta apertada, virgem, acaba por estimular o encontro sexual entre homens maduros e jovens muito jovens, pra não dizer crianças - o que não é mentira nenhuma... E, boceta saudável se exercita. Portanto, quem diz que parto normal acaba com o brinquedinho do papai, não manja nada de bocetas.
Aqui anda tudo normal quanto a fase pede porque a prioridade é AMAMENTAR e não trepar. O corpo manda hormonios pra produção de leite e não pra produção de lubrificação vaginal porém, ela está lá, existe e só precisa de uma mãozinha pra estimulação! Homens preguiçosos, saiam da fila!!
Ainda tem o lance do "corpo voltar ao normal". Que catso é isto? Quem inventou esta meleca de normalidade pra um corpo que gestou por 9 meses, pariu e segue contribuindo pro desenvolvimento pleno do ser gerado? Só pode ser um homem cego! Não é regra ter normalidade. É possível voltar ao peso anterior à gravidez mas NUNCA ao mesmo corpo porque não é o mesmo corpo.
É um corpo que passou pela maior transformação que existe no mundo, como é possível um retorno anterior à tal transformação. Mudou, já era. Outro corpo, outra sensação, outro cuidado, outro peito (tão lindo quanto sempre foi, exposto por aí porque são as mamas quem cumprem a função de aMAMentar portanto é mais uma demonstração de ignorância fetichizar sexualmente a amamentação. Talvez a amamentação tenha a ver com sexualidade, há quem defenda isto mas, como toda e qualquer sexualidade faz parte da intimidade da pessoa, não tem porquê discuti-la publicamente.
No final das contas, mesmo no século XXI, o corpo feminino e suas funções são tão desconhecidas que a sociedade contemporânea segue não sabendo como lidar com este corpo tão holístico, tão integrado, tão processual.
Triste é ver mulheres se entregando às pressões sociais, escravizadas de convenções sociais, entristecidas e pressionadas sem entender picas de nada. Sem reflexão, sem conexão com o próprio sentimento.
Como sou eu nesta fita? Grávida, nunca rejeitei a gestação - mesmo com os 340 mil perrengues que vivemos. Pari pelas vias normais e no meu momento de alimentar Dorah também senti a pressão e ameaça de incompetencia pairando sobre meu corpo. O tempo me deu convicção de que estou certa. Não tenho meu peso anterior à gestação mas já uso as calças 38 e sei bem que o corpo não é o mesmo. A crise que há é que não tenho tempo nem exerço uma atividade que me conecte com meu novo corpo, por enquanto! E minha intimidade, apesar de não ser do interesse de ninguém, vai bem, obrigada!
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Quem sou eu pra recomendar, mas esse: http://bichosoltoblog.wordpress.com/2010/11/17/da-sindrome-da-vaca-louca/ e esse texto: http://divinastetas.blogspot.com/2010/05/adriane-galisteu-cesareas-e-padroes-de.html tem idéias bacanas, tem a ver com o seu. Tem um texto lindo chamado Lactância Selvagem conhece? Vou ver se consigo colocar aqui, senão procuro seu e-mail.
ResponderExcluirA lactância selvagem (Laura Gutman)
ResponderExcluirA maioria das mães que consultam por dificuldades na lactância estão preocupadas por saber como fazer as coisas corretamente, em lugar de procurar o silêncio interior, as raízes profundas, os vestígios de feminidade e um apoio no companheiro, na família ou na comunidade que favoreçam o encontro com sua essência pessoal.
A lactância genuína é manifestação de nossos aspectos mais terrenais, selvagens, filogenéticos. Para dar de mamar deveríamos passar quase o tempo todo nuas, sem largar a nossa criança, imersas num tempo fora do tempo, sem intelecto nem elaboração de pensamentos, sem necessidade de defender-se de nada nem de ninguém, senão somente sumidas num espaço imaginário e invisível para os demais.Isso é dar de mamar. É deixar aflorar nossos rincões ancestralmente esquecidos ou negados, nossos instintos animais que surgem sem imaginar que ainda estavam em nosso interior. E deixar-se levar pela surpresa de ver-nos lamber a nossos bebês, de cheirar a frescura de seu sangue, de chorrear entre um corpo e outro, de converter-se em corpo e fluidos dançantes.
Dar de mamar é despojar-se das mentiras que nos contamos toda a vida sobre quem somos ou quem deveríamos ser. É estar “desprolixas”, poderosas, famintas, como lobas, como leoas, como tigresas, como “canguruas”, como gatas. Muito relacionadas com as mamíferas de outras espécies em seu total afeiçoo para a criança, descuidando ao resto da comunidade, mas milimetricamente atenciosas às necessidades do recém nascido.
Deleitadas com o milagre, tratando de reconhecer que fomos nós as que o fizemos possível, e reencontrando-nos com o que tenha de sublime. É uma experiência mística se nos permitimos que assim seja.
Isto é tudo o que se precisa para poder dar de mamar a um filho. Nem métodos, nem horários, nem conselhos, nem relógios, nem cursos. Mas sim apoio, contenção e confiança de outros (marido, rede de mulheres, sociedade, âmbito social) para ser uma mesma mais do que nunca. Só permissão para ser o que queremos, fazer o que queremos, e deixar-se levar pela loucura do selvagem.
Isto é possível se se compreende que a psicologia feminina inclui este profundo afinco à mãe-terra, que o ser uma com a natureza é intrínseco ao ser essencial da mulher, e que se este aspecto não se põe de manifesto, a lactância simplesmente não flui. Não somos tão diferentes aos rios, aos vulcões, aos bosques. Só é necessário preservá-los dos ataques.
As mulheres que desejamos amamentar temos o desafio de não nos afastar desmedidamente de nossos instintos selvagens. Costumamos raciocinar, ler livros de puericultura e desta maneira perdemos o eixo entre tantos conselhos pretensamente “profissionais”.
Há uma idéia que atravessa e desativa a animalidade da lactância, e é a insistência para que a mãe se separe do corpo do bebê. Contrariamente ao que se supõe, o bebê deveria ser carregado pela mãe o tempo todo, inclusive e sobretudo quando dorme. A separação física à que nos submetemos como rotina entorpece a fluidez da lactância. Os bebês ocidentais dormem no moisés ou no carrinho ou em seus berços demasiadas horas. Esta conduta singelamente atenciosa contra a lactância. Porque dar de mamar é uma atividade corporal e energética constante. É como um rio que não pode parar de fluir: se se o bloqueia, desvia seu volume.
Dar de mamar é ter o bebê a colo, o tempo todo que seja possível. É corpo, é silêncio, é conexão com o submundo invisível, é fusão emocional, é loucura.
Sim, há que ser um pouco louca para maternar.
A lactância selvagem (Laura Gutman)
ResponderExcluirA maioria das mães que consultam por dificuldades na lactância estão preocupadas por saber como fazer as coisas corretamente, em lugar de procurar o silêncio interior, as raízes profundas, os vestígios de feminidade e um apoio no companheiro, na família ou na comunidade que favoreçam o encontro com sua essência pessoal.
A lactância genuína é manifestação de nossos aspectos mais terrenais, selvagens, filogenéticos. Para dar de mamar deveríamos passar quase o tempo todo nuas, sem largar a nossa criança, imersas num tempo fora do tempo, sem intelecto nem elaboração de pensamentos, sem necessidade de defender-se de nada nem de ninguém, senão somente sumidas num espaço imaginário e invisível para os demais.Isso é dar de mamar. É deixar aflorar nossos rincões ancestralmente esquecidos ou negados, nossos instintos animais que surgem sem imaginar que ainda estavam em nosso interior. E deixar-se levar pela surpresa de ver-nos lamber a nossos bebês, de cheirar a frescura de seu sangue, de chorrear entre um corpo e outro, de converter-se em corpo e fluidos dançantes.
Dar de mamar é despojar-se das mentiras que nos contamos toda a vida sobre quem somos ou quem deveríamos ser. É estar “desprolixas”, poderosas, famintas, como lobas, como leoas, como tigresas, como “canguruas”, como gatas. Muito relacionadas com as mamíferas de outras espécies em seu total afeiçoo para a criança, descuidando ao resto da comunidade, mas milimetricamente atenciosas às necessidades do recém nascido.
Deleitadas com o milagre, tratando de reconhecer que fomos nós as que o fizemos possível, e reencontrando-nos com o que tenha de sublime. É uma experiência mística se nos permitimos que assim seja.
Isto é tudo o que se precisa para poder dar de mamar a um filho. Nem métodos, nem horários, nem conselhos, nem relógios, nem cursos. Mas sim apoio, contenção e confiança de outros (marido, rede de mulheres, sociedade, âmbito social) para ser uma mesma mais do que nunca. Só permissão para ser o que queremos, fazer o que queremos, e deixar-se levar pela loucura do selvagem.
Isto é possível se se compreende que a psicologia feminina inclui este profundo afinco à mãe-terra, que o ser uma com a natureza é intrínseco ao ser essencial da mulher, e que se este aspecto não se põe de manifesto, a lactância simplesmente não flui. Não somos tão diferentes aos rios, aos vulcões, aos bosques. Só é necessário preservá-los dos ataques.
As mulheres que desejamos amamentar temos o desafio de não nos afastar desmedidamente de nossos instintos selvagens. Costumamos raciocinar, ler livros de puericultura e desta maneira perdemos o eixo entre tantos conselhos pretensamente “profissionais”.
Há uma idéia que atravessa e desativa a animalidade da lactância, e é a insistência para que a mãe se separe do corpo do bebê. Contrariamente ao que se supõe, o bebê deveria ser carregado pela mãe o tempo todo, inclusive e sobretudo quando dorme. A separação física à que nos submetemos como rotina entorpece a fluidez da lactância. Os bebês ocidentais dormem no moisés ou no carrinho ou em seus berços demasiadas horas. Esta conduta singelamente atenciosa contra a lactância. Porque dar de mamar é uma atividade corporal e energética constante. É como um rio que não pode parar de fluir: se se o bloqueia, desvia seu volume.
Dar de mamar é ter o bebê a colo, o tempo todo que seja possível. É corpo, é silêncio, é conexão com o submundo invisível, é fusão emocional, é loucura.
Sim, há que ser um pouco louca para maternar.